De acordo com uma pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 80% da população terá pelo menos duas vezes na vida alguma crise de dor nas costas, e um dos principais motivos é a escoliose, que afeta em torno de 2% a 4% da população mundial.
A escoliose é uma curvatura anormal da coluna para um dos lados do tronco, e pode ser classificada em:
- Estrutural – em que a deformidade óssea está correlacionada com um problema congênito ou adquirido, que afeta diretamente determinado segmento da coluna e, na maioria dos casos, é irreversível.
- Funcional - a estrutura óssea permanece preservada. As curvaturas surgem como manifestação secundária para compensar os desajustes causados por um distúrbio em outra parte do corpo, como o crescimento assimétrico das pernas, por exemplo. Em geral, as curvas funcionais são flexíveis e podem ser corrigidas com tratamento.
A escoliose congênita está classificada como estrutural, por ser causada pela má formação das cartilagens de crescimento das vértebras ou pela fusão das costelas durante a gestação ou ainda nos recém-nascidos.
Esse tipo de malformação pode também ser causada por distúrbios neuromusculares, a exemplo de distrofias musculares e paralisia cerebral.
Escoliose congênita: causas
Esse tipo de deformidade pode ser detectado mesmo antes da criança nascer, entre a 3ª e 8ª semana de gestação (período este que se trata da formação e segmentação da coluna vertebral). Em alguns casos, somente será perceptível após o nascimento.
A escoliose congênita é uma falha no desenvolvimento da vértebra e normalmente está associada a malformações em outros órgãos, como o coração, os rins, o esôfago etc.
Essa deformidade nas vértebras pode ser dividida basicamente em três tipos:
- Defeitos de Formação: Uma parte da vértebra não se forma.
- Defeitos de Segmentação: Uma vértebra fica grudada a outra.
- Defeitos Mistos: Defeitos de formação e segmentação associados.
Não existe um lado exato em que essa deformidade se apresente. Ela pode estar em qualquer parte da coluna vertebral.
Como diagnosticar a escoliose congênita
Seu diagnóstico é feito por um médico especialista em coluna, que solicitará uma bateria de exames, como:
- Radiografia
- Tomografia computadorizada
- Ressonância magnética
O paciente será avaliado em um todo, sua coluna de frente, de costas e lateral.
O principal aspecto a ser analisado é o grau da curvatura e possíveis lesões nos discos e articulações.
Após a análise dos laudos, o médico especialista definirá qual grau da escoliose congênita o paciente tem e quais os próximos passos.
Principais classificações para a escoliose congênita
- Winter e colaboradores: desenvolvida em 1968. Baseada em achados radiográficos, são definidos como: falha de formação, segmentação ou defeito misto.
- Imagama e colaboradores: desenvolvida em 2004. Aqui é levado em consideração a formação de erros combinados nas estruturas vertebrais anteriores e posteriores.
- Kawakami: desenvolvida em 2009. Nessa classificação a análise é dividida em 4 tipos de anomalias: solitária simples, múltipla simples, complexa e falha de segmentação pura.
Existe tratamento para a escoliose congênita?
Por existir uma grande variedade de anormalidades que são normalmente encontradas, o tratamento é complexo.
Cada paciente é único e precisa ser analisado a fundo antes de qualquer intervenção, seja ela cirúrgica ou não.
Para avaliar se o caso do paciente é cirúrgico, o médico especialista avalia:
- O crescimento esperado do paciente.
- Grau de gravidade da curva.
- Localização da deformidade.
- Se o procedimento cirúrgico é acessível ao local da deformidade.
- Risco do procedimento cirúrgico.
Boas práticas para evitar dores da escoliose congênita
Para que o quadro não evolua, existem boas práticas que podem ser adotadas, como:
- Manter a postura ereta ao sentar-se e andar.
- Realizar atividades físicas regularmente.
- Ter uma alimentação equilibrada.
- Ao carregar peso, agachar flexionando o joelho e mantendo a postura ereta.
- Uso de colete.
Boas práticas para evitar dores nas costas
Cada vez mais as pessoas buscam hábitos e estilos de vida mais saudáveis. E para te ajudar a evitar crises de dor nas costas, separamos algumas boas práticas que você pode adotar no dia a dia.
- Durma de lado com um travesseiro que apoie o pescoço e outro entre as pernas.
- Utilize uma bolsa de água quente no lugar da dor para relaxar o músculo por pelo menos 20 minutos.
- Tome um banho quente e aproveite a pressão da água sobre o lugar dolorido.
- Evite cruzar as pernas ao sentar-se.
- Sente em cadeiras em que sua altura seja suficiente para apoiar seus pés no chão.
- Coloque um despertador a cada uma hora e mude de posição.
- Faça alongamentos e pratique atividades físicas adequadas à saúde da sua coluna.
Se você sofre com alguma dor, ou conhece alguém que tem escoliose congênita, e tentou alguma dessas dicas acima, procure um especialista em coluna para uma bateria de exames.
O diagnóstico precoce favorece um tratamento mais rápido e efetivo.
Dr. Fernando Sanchez
Ortopedista Especialista em Coluna em São Paulo
- Médico pela Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP);
- Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia (IOT) do Hospital das Clínicas (HC) da FM-USP;
- Médico Preceptor dos Residentes do IOT-HCFMUSP e da Graduação da FM-USP;
- Médico Contratado Hospital Israelita Albert Einstein;